segunda-feira, 6 de maio de 2013

GABARITO DOS EXERCÍCIOS DE URBANIZAÇÃO ANTERIORES


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Comércio exterior


Falta de competitividade prejudica desempenho do Brasil no mercado externo e prenuncia a volta do deficit na balança comercial
Após 11 anos de superavit robusto na balança comercial, nos últimos meses observa-se acelerada piora nas contas externas do país.
Neste primeiro quadrimestre, o Brasil registrou deficit comercial de US$ 6,2 bilhões, recorde para tal período do ano. As exportações caíram 3,1% e as importações cresceram 10,1%, na comparação com igual intervalo em 2012.
A despeito de boa parte do encolhimento do saldo --US$ 3,5 bilhões-- decorrer de atrasos no registro de importação de combustíveis em 2012, mas que só desfalcaram o resultado agora, é evidente a perda no impulso exportador.
O país perde espaço nos seus principais mercados do mundo. No primeiro trimestre, as vendas para a Europa e os EUA caíram cerca de 10% e 25%, respectivamente. Até a China, que ainda cresce a 7,5%, reduziu suas compras em 2,2%.
O retrocesso brasileiro resulta da falta de competitividade para produzir e vender produtos manufaturados. Nossa pauta de exportações se concentra em matérias-primas, o que põe o país em posição de risco. Não há perspectiva de repetir-se tão logo a valorização que tais produtos primários tiveram na última década.
A China reorienta seu modelo de crescimento, na tentativa de torná-lo menos dependente de grandes obras, o que reduz a demanda por commodities. Não por acaso, os preços de vários metais de uso industrial têm sofrido queda.
Produtos agrícolas, como a soja brasileira, são menos sensíveis a essa mudança. Podem até ser beneficiados pela melhoria do padrão alimentar asiático e por quebras de safra de concorrentes ocasionadas pelo clima. É temerário, contudo, contar apenas com a produtividade nacional nesse setor para competir no mercado internacional.
O deficit no comércio de manufaturados atingiu US$ 16 bilhões já no primeiro trimestre, segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Nos segmentos de média e alta tecnologia, o rombo vai a US$ 22 bilhões. O Brasil está à margem das cadeias produtivas globais que mais criam valor e conhecimento.
Para completar, a conta de serviços --que, além da balança comercial, inclui pagamentos de dívidas, gastos de viagens e remessas de dividendos-- também se desvia para o vermelho. O país se avizinha de um deficit externo de US$ 70 bilhões (3,3% do PIB) em 2013 e pode chegar a US$ 100 bilhões em 2014 ou 2015. Voltaria a dependência de capital externo de curto prazo para fechar as contas.
Não há risco, dirão os mais crédulos. O Brasil tem reservas de US$ 375 bilhões. Mas não se sabe qual será o comportamento dos investidores se os EUA subirem os juros. O filme da fuga de capital já foi visto, e ninguém gostou.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

BRASIL COLÔNIA DA CHINA?

Artigo Folha de São Paulo - Clovis Rossi

Industriais, incomodados com uma concorrência desleal, demonstram que não há uma real parceria
Marcos Troyjo, diretor do BRICLab da Universidade Columbia e professor do Ibmec, fez a seguinte comparação em artigo recente: "O comércio com a China aumentou dez vezes na última década. Mas tal expansão foi impulsionada principalmente pelo crescimento dramático da China e seu resultante apetite voraz por commodities minerais e agrícolas em que o Brasil tem vantagens comparativas.
O resultado? Uma tonelada de exportações brasileiras para a China vale cerca de US$ 200. Uma tonelada de exportações chinesas para o Brasil vale mais do que US$ 2 mil. Isso dificilmente poderia ser chamado de parceria".
Tem razão. É muito mais uma relação colonial, o que causa tremendo incômodo à indústria brasileira, até porque 63% dos exportadores queixam-se à CNI (Confederação Nacional da Indústria) de prejuízos com a concorrência chinesa.
Natural, portanto, que a entidade decidisse encomendar um estudo sobre a política industrial chinesa ao escritório King & Spalding, que habitualmente presta consultoria aos governos norte-americano e mexicano quando o assunto é China.
As conclusões põem números nessa relação de tipo colonial. São dados relativamente conhecidos, mas apresentados em conjunto impressionam muito. Cito apenas dois de uma vasta coleção:
O Brasil exporta para a China apenas 7,6% de produtos considerados de alta tecnologia, mas importa 41,4% nessa rubrica.
Já em commodities primárias (produtos típicos de colônia), as exportações brasileiras saltam para 31,6%, enquanto os chineses vendem ao Brasil só 1,6% nessa área.
Conclusão inescapável do relatório: "Esse padrão levou à preocupação no Brasil e em outros países de que a predominância da China nas manufaturas pode levar à desindustrialização em seus parceiros comerciais".
É uma situação que incomoda também o governo tanto que, na agenda de sua visita à China, já faz dois anos, Dilma Rousseff reivindicou uma mudança na qualidade do comércio.
Passados dois anos, o relatório divulgado agora pela CNI demonstra que a reivindicação não produziu mudança alguma.
Nem vai haver mudança, prevê o documento: "Apesar da adoção de políticas orientadas pelo mercado, no fim dos anos 70, o governo da China continua, em todos os níveis, a exercer substancial influência sobre o setor industrial. Os subsídios para indústrias são substanciais, e essa subsidiação tem provavelmente causado danos às indústrias brasileiras concorrentes tanto no mercado doméstico como nos de exportação".
O escritório recomenda que o Brasil recorra à Organização Mundial de Comércio para propor "ações apropriadas", em vista do que leva todo o jeito de ser concorrência desleal, já que a indústria brasileira está, na verdade, competindo com o portentoso Tesouro chinês, não apenas com as suas congêneres.
Resta ver se o governo Dilma terá a coragem de peitar a China para tentar reconduzir a relação para a parceria, em vez de um neocolonialismo.
 
Esse artigo nos mostra alguns números que comprova que o Brasil precisa muito investir em P&D, ou seja na produção de Tecnologia, para darmos um basta de uma vez por todas nesse processo de colonização capitalista do qual o Brasil parece nunca sair.( Prof. Aldo)

UM BOM ARTIGO SOBRE INFLAÇÃO

INFLAÇÃO DE 5% É POSSÍVEL NO BRASIL?


A política de aceitar inflação maior tem custo alto no longo prazo; pensei que já tivéssemos aprendido a lição

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, afirmou que o Brasil apresenta uma "inflação de base entre 5% e 6%. Ela não supera isso, mas também dificilmente fica abaixo disso".

O ministro afirma que a redução da inflação de base para valores abaixo da faixa entre 5% e 6% dependerá da recuperação da competitividade da economia.

Sugere em seguida que, "com as medidas de combate aos gargalos logísticos, que vão reduzir os custos e elevar a produtividade das empresas brasileiras", será possível alcançarmos valores mais baixos da inflação.

A fala do ministro defende ponto de vista de que a inflação não é essencialmente um fenômeno monetário. Isto é, dado que temos problemas na oferta de infraestrutura, teremos que conviver com inflação mais elevada.

Pergunta: todos os países do mundo com baixa oferta de infraestrutura convivem com inflação mais elevada? Certamente não! A baixa oferta de infraestrutura produz, se o sistema de preços do país funcionar direito, tarifas elevadas. Se o sistema de preços não funcionar direito, produzirá filas.

O fato de nossa infraestrutura ser ruim já nos causa muitos desconfortos. Não imaginava que teria que causar o desconforto adicional de termos de conviver com inflação maior.

Nas últimas semanas, vários comentaristas e colunistas têm defendido pontos de vista análogos ao do ministro. Por exemplo, argumenta-se que o fato de os funcioná- rios públicos terem poder de barganha excessivo e, portanto, salário acima da produtividade explicaria em parte os elevados níveis de inflação do Brasil.

Outros argumentam que o fato de diversos setores da economia --principalmente os de bens intermediários, como siderurgia e cimento-- serem muito concentrados e, portanto, apresentarem baixíssima competição seria outro fator que explicaria a inflação de fundo mais elevada.

Provavelmente todos os fatos arrolados são verdadeiros. Temos forte carência na oferta de serviços de utilidade pública, provavelmente os servidores públicos são remunerados acima da produtividade e há de fato diversos setores de bens intermediários com margens excessivas.

Como no caso da infraestrutura, esses fatos sugerem que o preço relativo dos serviços de utilidade pública, dos serviços dos funcionários públicos e dos bens intermediários serão elevados em comparação aos demais preços.

Ou seja, esses grupos da sociedade conseguirão abocanhar rendas maiores do que a sua contribuição para a produção.

Abocanhar renda superior à sua contribuição à produção representa distorção microeconômica e pode acarretar perda de eficiência e, consequentemente, redução do potencial de crescimento.

A redução do crescimento se transforma em maior inflação quando a política monetária se torna leniente e delega à aceleração inflacionária a gestão do conflito distributivo.

Não há nada que obrigue que a solução do conflito distributivo seja por meio de aceleração da inflação.

Se for verdade que as carências de infraestrutura do país causam inflação na casa de 5% a 6% ao ano, logo as pessoas incorporação esse inflação futura nas suas expectativas e os aumentos de salário no mercado de trabalho serão superiores a esse valor. Entramos na terrí- vel espiral preços-salários de triste memória.

Certamente o ministro sabe que a espiral preços-salários opera e, portanto, que não é possível trocar permanentemente maior inflação por maior crescimento.

O que o ministro afirma é que existe a decisão política de aceitar temporariamente inflação maior até que os investimentos em infraestrutura maturem.

Trata-se de política com algum retorno no curto prazo com custos elevados no longo prazo. Pensei que já tivéssemos aprendido essa lição.

SAMUEL PESSÔA é doutor em economia e pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da FGV. Escreve aos domingos nesta coluna.